Foto: Polícia Federal
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (19) a Operação Fafnir, visando investigar e combater um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro na Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A investigação teve início após a identificação de indícios de manipulação contábil e transferências irregulares, supostamente realizadas por uma funcionária da fundação, que foi afastada em agosto de 2024. Além dela, o marido e os dois filhos do casal também são investigados.
Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens móveis e imóveis dos envolvidos. A Justiça Federal autorizou a quebra de sigilo bancário, fiscal e eletrônico dos investigados, bem como o sequestro de seis automóveis e três imóveis. Essas medidas visam garantir o ressarcimento aos cofres públicos ao final do processo.
Segundo as investigações, o esquema envolvia a apropriação indevida de verbas públicas, o pagamento de despesas pessoais com recursos da fundação e o uso de empresas e contas bancárias de terceiros para ocultar o patrimônio adquirido ilegalmente. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 4,7 milhões, contabilizado entre 2019 e agosto de 2024.
Conforme as apurações, a funcionária utilizava o dinheiro desviado para o pagamento de contas pessoais e para a compra de imóveis e veículos, o que foi constatado a partir de 2019. O patrimônio era ocultado por meio de empresas e contas bancárias em nome de terceiros, para dificultar a identificação da origem ilícita dos valores.
Durante as apurações, foi revelado que a funcionária de 55 anos foi afastada de suas funções em agosto de 2024, após a descoberta de um déficit de R$ 20 mil nas contas da Fatec. Quando questionada sobre a discrepância, a suspeita realizou movimentações financeiras para cobrir o valor, o que levantou suspeitas e motivou a auditoria interna.
A investigação concentra-se nas aquisições feitas pela família desde 2019, mas há indícios de que o prejuízo pode ser ainda maior, caso sejam analisadas as movimentações desde 1997, ano em que a funcionária começou a trabalhar na Fatec. Os investigados poderão responder por peculato, associação criminosa e lavagem de capitais, crimes cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.
A operação foi nomeada “Fafnir” em alusão ao personagem da mitologia nórdica que, movido pela ganância, acumulou riquezas de maneira egoísta e destrutiva, assim como os crimes cometidos contra a Fatec, desviando recursos que deveriam ser destinados ao avanço educacional e tecnológico.
Relembre o caso:
Em agosto de 2024, a Fatec iniciou uma investigação interna após constatar irregularidades contábeis e transferências suspeitas. A apuração revelou um esquema de desvio de verbas envolvendo uma funcionária, que foi afastada do cargo até a conclusão das investigações. A suspeita começou a movimentar valores para cobrir um déficit de R$ 20 mil, o que chamou a atenção da auditoria.
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